Bem-vindas aos Balcãs!!
Com essa frase, a bailarina Paola
Blanton fez nossas cabeças realizarem uma viagem astral para outra parte do
mundo e nossos pés se conectarem ao chão, sentindo o poder da ancestralidade
presente nos ensinamentos daqueles dias.
Nos dias 25 e 26 de abril, em Brasília, foi realizado o Workshop com a
bailarina nascida na Macedônia, Paola Blanton. Foram 7 horas de aulas sobre
danças folclóricas balcânicas e um show com apresentações de dança do
ventre, tribal e cigana, além de, claro, da própria Paola.
Todo esse evento foi organizado
por Aris Medrei em seu Estúdio de Danças. Um espaço onde me senti acolhida, percebendo
o verdadeiro sentido de uma escola de dança: além de ser um local de transferência de
conhecimento, é um local de florescimento de empatia, amizade e troca de energia entre alunas e professoras. Fiquei impressionada com a organização de todo o evento, com a
recepção calorosa das outras meninas que fizeram o workshop e dançaram na noite
do sábado e com a quantidade de atividades que serão realizadas ao longo do ano
neste local. (Para mais informações: https://www.facebook.com/ArisMedreiEstudioDeDanca/?fref=ts )
Agora, indo para os Balcãs...
O enriquecimento não foi
apenas técnico, mas também (e principalmente) cultural. Essa é uma região que
sempre tive dificuldade de compreender, me aprecia tudo muito confuso (ainda
parece um pouco... rsrs) e minha atenção só se voltava mais para a Turquia. Inclusive para escrever esse post, saí pesquisando vídeos e textos e vi que o material encontrado em idiomas que estamos mais familiarizados, é escasso.
A Península
Balcânica está localizada geograficamente na região sudeste do continente
europeu (Europa Meridional). Em seu território estão localizados os chamados
países balcânicos (que possuem a maior parte do território na península):
Albânia, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Grécia, Croácia, Sérvia, Montenegro e
República da Macedônia. Também se encontram nesta península o território de
Kosovo (autoproclamado independente) e parte do território dos seguintes
países: Turquia (parte europeia), Eslovênia, Romênia e Ucrânia.[1] No workshop
foram ensinados passos de danças da Macedônia,
Sérvia e Grécia.
Podemos considerar os Bálcãs, há
muitos séculos, como uma das regiões mais complicadas da Europa. Uma série de
conflitos marca a história da região, sendo que o último episódio, a
independência de Kosovo (que se separou da Sérvia), em fevereiro de 2008.
A
localização geográfica da Península Balcânica nos ajuda a entender muito do
processo histórico dessa região: situada no sudeste europeu, essa península é
um dos principais caminhos entre a Ásia e a Europa.
Ali, as culturas ocidental
e oriental - e seus respectivos interesses políticos e econômicos - chocaram-se
diversas vezes.[2]
A mistura, no mesmo território, de populações diversas etnicamente, com línguas,
costumes e religiões diferentes, fez com que o nacionalismo se tornasse um
causador perene de guerras.
Esses aspectos são importantes para
a compreensão da mistura de sonoridades que foi apresentada no workshop e os significados
de alguns passos. Apesar do caráter festivos da maioria dos movimentos
passados, a herança histórica de resistência e de defesa territorial é marcante
em algumas movimentações e músicas.
Houve um primeiro estranhamento com relação às batidas
dos pés no chão e ao trabalho com as pernas, já que minha zona de conforto está
nos movimentos de tribal e ventre, ou seja, da região pélvica para cima, mas
reconheci muita semelhança entre os passos ensinados e algumas danças
folclóricas brasileiras com as quais já tive algum contato, como o caboclinho e
o cavalo-marinho (apesar de serem danças esteticamente bem diferentes, há
movimentações de pernas semelhantes).
Fiquei emocionada com o
amor da Paola por suas origens, o orgulho de ter aprendido tudo aquilo dentro
das próprias comunidades.
Quanto à forma como as aulas foram
conduzidas, percebi que havia uma grande preocupação da Paola em criar uma
conexão entre as alunas a partir de práticas formando figuras universais, como
o círculo e a espiral. Isso deve-se ao fato de que nessas danças, a noção de
pertencimento ao grupo é essencial, sendo uma celebração da qual podem
participar pessoas de diferentes gêneros e faixas etárias.
Houve uma grande preocupação
da Paola em fazer a distinção entre a dança tradicional, dançada em grupo, nas
ruas, em festas do cotidiano desses povos, como casamentos, e a dança
apresentada em palco, onde são feitas algumas fusões e adaptações com o
objetivo de mostrar ao público. Como exemplo do primeiro caso, encontrei esses
vídeos, que mostram a diversidade das pessoas que podem dançar em um roda e a alegria contagiante dessas manifestações.
Este é um vídeo que a
bailarina de danças orientais Laylah (que estava participando do workshop)
gravou em sua viagem à Macedônia (Gratidão! Estava ficando confusa de tanto
procurar imagens legais de casamentos de lá e achar um monte de coisa com
explicações em línguas estranhas hahha):
Este é de uma
comunidade grega de Ottawa, em flash mob no mercado Byward para o The 2011
Ottawa Greek festival:
Nesses vídeos, e também
pelo que foi falado no workshop, percebemos que quando as pessoas dançam juntas,
em roda, precisam olhar umas para as outras, criar uma conexão entre seus movimentos com os movimentos de quem está ao seu lado, pois em uma mesma roda pode
ter um jovem que dança com muita energia, e uma idosa, que já faz os passos de
forma mais lenta ou mais contida. É desenvolvido, portanto, um espírito de
grupo. A partir da dança se trabalha a união, o respeito e a organicidade de
uma comunidade.
O Show...
No show do sábado, dia 25,
professoras e alunas do Espaço Aris Medrei se apresentaram com danças ciganas,
árabes e fusões. Os convidados, além de assistirem a apresentações de
qualidade, tiveram o prazer de degustar um buffet árabe e de terminar a noite
com uma deliciosa roda de dabke. Foi contagiante!
Eu agradeço muito à
organização pela oportunidade de dançar também e trocar energia com aquelas
pessoas maravilhosas. Aproveitei para apresentar minha fusão com dança cigana
turca (a coreografia do vídeo que está no post passado).
OPAA!! Foi realmente uma
festa! E as apresentações da Paola Blanton, de uma beleza que só vendo:
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