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terça-feira, 11 de abril de 2017

Bem-vindos aos Balcãs! Compartilhando vivências: Workshop sobre danças folclóricas balcânicas com Paola Blanton.

Bem-vindas aos Balcãs!!

Com essa frase, a bailarina Paola Blanton fez nossas cabeças realizarem uma viagem astral para outra parte do mundo e nossos pés se conectarem ao chão, sentindo o poder da ancestralidade presente nos ensinamentos daqueles dias.


Nos dias 25 e 26 de abril, em Brasília, foi realizado o Workshop com a bailarina nascida na Macedônia, Paola Blanton. Foram 7 horas de aulas sobre danças folclóricas balcânicas e um show com apresentações de dança do ventre, tribal e cigana, além de, claro, da própria Paola.

Todo esse evento foi organizado por Aris Medrei em seu Estúdio de Danças. Um espaço onde me senti acolhida, percebendo o verdadeiro sentido de uma escola de dança: além de ser um local de transferência de conhecimento, é um local de florescimento de empatia, amizade e troca de energia entre alunas e professoras. Fiquei impressionada com a organização de todo o evento, com a recepção calorosa das outras meninas que fizeram o workshop e dançaram na noite do sábado e com a quantidade de atividades que serão realizadas ao longo do ano neste local. (Para mais informações: https://www.facebook.com/ArisMedreiEstudioDeDanca/?fref=ts )

Agora, indo para os Balcãs... 

O enriquecimento não foi apenas técnico, mas também (e principalmente) cultural. Essa é uma região que sempre tive dificuldade de compreender, me aprecia tudo muito confuso (ainda parece um pouco... rsrs) e minha atenção só se voltava mais para a Turquia. Inclusive para escrever esse post, saí pesquisando vídeos e textos e vi que o material encontrado em idiomas que estamos mais familiarizados, é escasso. 

A Península Balcânica está localizada geograficamente na região sudeste do continente europeu (Europa Meridional). Em seu território estão localizados os chamados países balcânicos (que possuem a maior parte do território na península): Albânia, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Grécia, Croácia, Sérvia, Montenegro e República da Macedônia. Também se encontram nesta península o território de Kosovo (autoproclamado independente) e parte do território dos seguintes países: Turquia (parte europeia), Eslovênia, Romênia e Ucrânia.[1] No workshop foram ensinados passos de danças da Macedônia, Sérvia e Grécia.




Podemos considerar os Bálcãs, há muitos séculos, como uma das regiões mais complicadas da Europa. Uma série de conflitos marca a história da região, sendo que o último episódio, a independência de Kosovo (que se separou da Sérvia), em fevereiro de 2008.
A localização geográfica da Península Balcânica nos ajuda a entender muito do processo histórico dessa região: situada no sudeste europeu, essa península é um dos principais caminhos entre a Ásia e a Europa. 
Ali, as culturas ocidental e oriental - e seus respectivos interesses políticos e econômicos - chocaram-se diversas vezes.[2]
A mistura, no mesmo território, de populações diversas etnicamente, com línguas, costumes e religiões diferentes, fez com que o nacionalismo se tornasse um causador perene de guerras.
Esses aspectos são importantes para a compreensão da mistura de sonoridades que foi apresentada no workshop e os significados de alguns passos. Apesar do caráter festivos da maioria dos movimentos passados, a herança histórica de resistência e de defesa territorial é marcante em algumas movimentações e músicas.



 Sentimos os pés...

Houve um primeiro estranhamento com relação às batidas dos pés no chão e ao trabalho com as pernas, já que minha zona de conforto está nos movimentos de tribal e ventre, ou seja, da região pélvica para cima, mas reconheci muita semelhança entre os passos ensinados e algumas danças folclóricas brasileiras com as quais já tive algum contato, como o caboclinho e o cavalo-marinho (apesar de serem danças esteticamente bem diferentes, há movimentações de pernas semelhantes).






Fiquei emocionada com o amor da Paola por suas origens, o orgulho de ter aprendido tudo aquilo dentro das próprias comunidades. 
Quanto  à forma como as aulas foram conduzidas, percebi que havia uma grande preocupação da Paola em criar uma conexão entre as alunas a partir de práticas formando figuras universais, como o círculo e a espiral. Isso deve-se ao fato de que nessas danças, a noção de pertencimento ao grupo é essencial, sendo uma celebração da qual podem participar pessoas de diferentes gêneros e faixas etárias. 


Houve uma grande preocupação da Paola em fazer a distinção entre a dança tradicional, dançada em grupo, nas ruas, em festas do cotidiano desses povos, como casamentos, e a dança apresentada em palco, onde são feitas algumas fusões e adaptações com o objetivo de mostrar ao público. Como exemplo do primeiro caso, encontrei esses vídeos, que mostram a diversidade das pessoas que podem dançar em um roda e a alegria contagiante dessas manifestações.

Este é um vídeo que a bailarina de danças orientais Laylah (que estava participando do workshop) gravou em sua viagem à Macedônia (Gratidão! Estava ficando confusa de tanto procurar imagens legais de casamentos de lá e achar um monte de coisa com explicações em línguas estranhas hahha):


Este é de uma comunidade grega de Ottawa, em flash mob no mercado Byward para o The 2011 Ottawa Greek festival:

Nesses vídeos, e também pelo que foi falado no workshop, percebemos que quando as pessoas dançam juntas, em roda, precisam olhar umas para as outras, criar uma conexão entre seus movimentos com os movimentos de quem está ao seu lado, pois em uma mesma roda pode ter um jovem que dança com muita energia, e uma idosa, que já faz os passos de forma mais lenta ou mais contida. É desenvolvido, portanto, um espírito de grupo. A partir da dança se trabalha a união, o respeito e a organicidade de uma comunidade.

O Show...

No show do sábado, dia 25, professoras e alunas do Espaço Aris Medrei se apresentaram com danças ciganas, árabes e fusões. Os convidados, além de assistirem a apresentações de qualidade, tiveram o prazer de degustar um buffet árabe e de terminar a noite com uma deliciosa roda de dabke. Foi contagiante!

Eu agradeço muito à organização pela oportunidade de dançar também e trocar energia com aquelas pessoas maravilhosas. Aproveitei para apresentar minha fusão com dança cigana turca (a coreografia do vídeo que está no post passado).

OPAA!! Foi realmente uma festa! E as apresentações da Paola Blanton, de uma beleza que só vendo: 






[2] http://educacao.uol.com.br/geografia/europa-mapa.jhtm

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